www.oglobo.com.br O Globo Irineu Marinho (1876-1925) Rio de Janeiro, Domingo, 25 de Março de 2007 – Ano LXXXII – No. 26.893. Roberto Marinho (1904-2003)
Rio já tem 30 mil táxis, sem contar 4 mil piratas
Motoristas disputam os passageiros, mas o serviço muitas vezes deixa a desejar: a frota está envelhecendo.
Maria Elisa Alves
Até os cariocas mais desatentos já reparam que nem é mais preciso esticar o braço, basta apenas parar perto do meio-fio para o assédio começar. Ao contrário de várias outras cidades, onde os passageiros disputam quase a tapa um táxi, no Rio são os motoristas que lutam pelo cliente. Não é à toa. A cidade já tem 30 mil amarelinhos, contra 19 mil de uma década atrás. Sem contar os piratas, que, segundo o sindicato da categoria, chegam a 4 mil. Nas áreas mais movimentadas, os números impressionam. Pesquisadores da Coppe da UFRJ fizeram uma contagem de veículos no Centro e constataram que, em uma hora de manhã, passam pela Avenida Rio Branco 948 táxis, contra 530 automóveis, 575 ônibus, 35 caminhões e 379 vans e Kombis.
Vaga de cooperativa pode custar até R$ 25 mil
O calculo foi feito, segundo o professor Paulo César Martins, da Coppe, somando veículos que estavam na Avenida Presidente Vargas, rumo à Rio Branco, com os que já trafegavam por lá. A oferta de táxis – exceto, é claro, nos dia de chuva, quando todos parecem evaporar – faz com que os cariocas não tenham que se engalfinhar por um veículo, como ocorre muitas vezes em Nova York. Mas não significa que não enfrentem percalços. Segundo o deputado Luiz Paulo Corrêa de Rocha, ex-secretário de Transportes, como há oferta de táxis e uma demanda pequena, a frota acaba envelhecendo:
– Nem todos conseguem faturar o suficiente para trocar o carro regularmente, fazer a manutenção correta. Às vezes, você entra em táxis com as molas quebradas, chacoalhando.
Até mesmo em pontos nobres, como shoppings, onde uma vaga na cooperativa de táxis pode custar até R$ 25 mil, há veículos em mau estado. Um Opala, modelo que saiu de linha há 15 anos, ainda faz parte da frota da Sul Táxi. Segundo o presidente da cooperativa, João Ferreira Cruz Neto, ele será trocado em breve.
– Outro dia, saí do shopping e peguei um táxi com o banco rasgado. Quando vejo um táxi de vidro aberto, nem chamo, sei que não tem ar-condicionado. Mas não dá para adivinhar se o banco está rasgado ou as molas, quebradas – diz a publicitária Ana Paula Miranda.